
Hoje, o fim da leitura do livro “Castelo de Vidro”, de Jeannette Walls, me fez chorar! Dor sentida no peito das palavras lidas e revisitadas a cada acontecimento, cimento a se fixar na pele. Solavancos que o coração dá quando sente que a palavra que se imprime em nós, rasga nossas certezas.
Castelo de Vidro é uma narrativa para “as gentes” que acreditam que já viveram tudo, sofreram a carga do mundo, às vezes, imundo.
Memórias de uma família que aprendeu a criar finais felizes, fala das possibilidades que temos, mesmo diante de tantos finais infelizes, de reescrevermos uma história que durante algum tempo, imprimiu-se, feito rio a negar-se a mudar seu curso.
Viver como nômades, habitar armazéns abandonados, sentir o frio cortando as raízes foram alguns acontecimentos vividos por aquela família. Entretanto, diante de todas as faltas, da fome, ainda assim, Rex e Rose ensinaram a seus filhos que a construção do “Castelo de vidro”, metáfora do sonho inatingível, poderia ser construído.
A cada revés, a força para reerguer, com determinação, os sonhos sonhados é o que se observa durante toda a narrativa. Parece que a tristeza não era coisa ruim para Rex e Rose. Mesmo diante de toda a miséria, Rex era capaz de presentear as filhas com a estrela que elas escolhessem. Nas noites frias, o pai fazia da poesia o seu lastro e acreditava ser possível construir, no deserto, seu castelo de vidro com as paredes cristalinas a assegurar a beleza dos sonhos acreditados.