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27 de jun. de 2010

Dica de leitura: O Castelo de Vidro, livro que faz chorar!


Hoje, o fim da leitura do livro “Castelo de Vidro”, de Jeannette Walls, me fez chorar! Dor sentida no peito das palavras lidas e revisitadas a cada acontecimento, cimento a se fixar na pele. Solavancos que o coração dá quando sente que a palavra que se imprime em nós, rasga nossas certezas.
Castelo de Vidro é uma narrativa para “as gentes” que acreditam que já viveram tudo, sofreram a carga do mundo, às vezes, imundo.
Memórias de uma família que aprendeu a criar finais felizes, fala das possibilidades que temos, mesmo diante de tantos finais infelizes, de reescrevermos uma história que durante algum tempo, imprimiu-se, feito rio a negar-se a mudar seu curso.
Viver como nômades, habitar armazéns abandonados, sentir o frio cortando as raízes foram alguns acontecimentos vividos por aquela família. Entretanto, diante de todas as faltas, da fome, ainda assim, Rex e Rose ensinaram a seus filhos que a construção do “Castelo de vidro”, metáfora do sonho inatingível, poderia ser construído.
A cada revés, a força para reerguer, com determinação, os sonhos sonhados é o que se observa durante toda a narrativa. Parece que a tristeza não era coisa ruim para Rex e Rose. Mesmo diante de toda a miséria, Rex era capaz de presentear as filhas com a estrela que elas escolhessem. Nas noites frias, o pai fazia da poesia o seu lastro e acreditava ser possível construir, no deserto, seu castelo de vidro com as paredes cristalinas a assegurar a beleza dos sonhos acreditados.

Ser Professora


Sempre achei que ser professora era conjugar verbo no gerúndio: fazendo, trabalhando, pesquisando, revisando, revendo, corrigindo, correndo. Hoje, estou mais tranqüila, mais sensível aos sons do mundo, aos cheiros da terra. O movimento do verbo no gerúndio em mim corre como rio: lento, vagaroso. Parece o tempo todo se espreguiçar, deixando o ”trabalhando” para depois: depois do café com os amigos, depois da corrida diária, depois da leitura do livro preferido, depois. Hoje, com certeza, meu tempo já não é mais o gerúndio. Escolho o tempo verbal para o tempo vivido no momento e já consegui reescrever pelo menos uma parte dos versos da música dos Titãs: “devia ter amado mais, trabalhado menos”. Acho que adoeci/enlouqueci: a educação mandou-me embora do trabalho e agora me supervisiona de longe. Será que estou em estágio final? Não! “Os meus temores noturnos terminaram por me aguçar, nas manhãs abertas, a percepção de um sem-número de ruídos que se perdiam na claridade e na algazarra dos dias e que eram misteriosamente sublinhados no silêncio fundo das noites. Na medida, porém, em que me fui tornando íntimo do meu mundo, em que melhor o percebia e o entendia na “leitura” que dele ia fazendo, os meus temores iam diminuindo”.
Continuando no ato de “re-ler” momentos importantes da minha experiência como educadora, é possível dizer que ainda sonho, que ainda planejo a luta diária, que ainda desejo ardentemente me juntar a todas as “gentes” que acreditam que a entrada na casa da educação não é indicação de um único caminho, mas é porteira a garantir horizonte. Então, que continuemos avançando, com as dores e alegrias próprias de cada etapa, temperando a vida com trajetos nunca antes percorridos.